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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A regra básica é "mantenha distância"

Sempre existe aquele sujeito que te aperta com um grande abraço seguido de um tapinha nas costas ou que tasca em você aquela bitoca na testa, segurando firme a sua cabeça, em um ritual que ele chama de "prazer em te conhecer".

Não é raro que tenhamos uma impressão ruím desta pessoa, afinal, ela quebrou a primeira regra básica de aproximação, manter distância.

A distancia que uma pessoa deve manter de nós, varia em função do nível de intimidade.
Rapazes desconhecidos que se aproximam demais do rosto de mulheres tentando uma investida sexual, dificilmente terão êxito se esta não tiver lhe concedido permissão para isto.

Manter distância é algo tão sério, que já foi tema de estudos, e é cientificamente comprovado que existe um espaço de ar em torno do nosso corpo que consideramos como nosso território particular.

Podemos observar como nos sentimos incomodados em filas onde as pessoas acreditam que se ficarem respirando no seu cangote chegarão mais rápido ao caixa.
N
ão é por acaso que adoramos viajar de elevador sozinhos e que torcemos para que o passageiro que acabou de embarcar no ônibus, não sente do nosso lado.

Repare que é comum observarmos o encanador desentupindo  a pia da cozinha, por exemplo, a pelo menos 1,50m de distância dele, e não me diga que é para não atrapalhar o serviço, pois o seu marido vai ficar chateado achando que você enfia a cara embaixo da pia junto com ele de propósito para atrapalhar.

Proteger nosso território dos invasores de espaço é algo que fazemos instintivamente.

Quem nunca disputou o braço da poltrona do cinema só porque a criatura do seu lado resolveu usar, já que você não estava usando, travando uma guerra silenciosa em alguns casos.

As coisas acerca do espaço pessoal são tão extremas, que é muito comum você escolher o escaninho do banheiro da academia mais distante dos que já estejam em uso.

Comece a observar como em cada ato simples do seu dia você esta sempre buscando manter distância, exceto daqueles que tem intimidade com você ou que receberam permissão para transitar no seu território de ar...
Cabeleireiras são um exemplo de gente de pouca intimidade que recebe autorização para transitar, mas quando ela chama a colega de trabalho para ajudar a avaliar a textura do seu cabelo, você automaticamente já se coloca na defensiva.

Diante disto, você pode observar que ser aceito depende mais da distância que você mantem, do que do quanto você se mostra caloroso e afetuoso, portanto, se a sua intenção for se aproximar, lembre-se, mantenha distância!


                 
           


domingo, 15 de janeiro de 2012

Almoçando no pregão da bolsa


Conversar em um restaurante em um dia de domingo e conversar em um show do Ratos de porão é praticamente a mesma coisa; com a diferença que no restaurante você teoricamente ainda esta de boca cheia.
Ser ouvido sem ter que falar gritando, é um luxo oferecido como brinde pelos piores restaurantes da cidade em uma segunda feira de manhã; ao contrário dos melhores restaurantes que te dão de cortesia uma música ao vivo que além de te fazer desistir de qualquer conversa, ainda te faz perder o apetite.
 
Qualidade da música ao vivo à parte, já que geralmente é só o demo de um teclado acompanhando a voz, é cientificamente comprovado que lugares barulhentos diminuem o sabor dos alimentos, comprovando que não é possível unir a fome com a vontade de ouvir música.

Note, que se ouvir música durante as refeições fosse algo realmente prazeroso, você não desligaria o som que você estava ouvindo enquanto fazia a comida para ligar a televisão na hora de sentar-se a mesa.
Será que é por isto que a comida servida pelas pensões do centro da cidade aonde a maioria dos clientes almoça sozinho ao som do noticiário da tarde, tem gostinho de comida caseira?


Se é por isto ou não, eu não sei; mas no meio deste papo todo  os rodízios se tornaram muito suspeitos para mim, afinal, não é raro ser agraciado com o show de um cover qualquer do Djavan para tornar o ambiente mais, mais.... lucrativo talvez?

O mais apavorante é que os rodízios com música ao vivo são os mais escolhidos para confraternizações de fim de ano com a turma do trabalho, dia das mães, dos pais e aniversários; reunindo aquele grupo super animado ao redor de pelo menos 4 mesas tornando essencial a entrega de balinhas de gengibre na saída após o pagamento.

Mas como o que vale no fim das contas é a diversão, acho que seria muito lucrativo abrir um restaurante temático simulando o pregão, afinal, sempre foi seu sonho secreto parecer um operador da bolsa de valores...


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Montanha russa no parque da rede social.

Quando você faz um login para entrar em uma rede social, você ao mesmo tempo deve apertar os cintos para um passeio de montanha russa no parque das emoções.

Então você clica em entrar, e assim que a página termina de carregar você  já se depara com a postagem daquela sua amiga vegetariana e defensora dos animais fazendo campanha contra as touradas, com uma imagem que se você quisesse ver alugaria faces da morte na locadora mais trash do bairro.

Chocada e totalmente convencida de que touradas não valem a pena nem se for para torcer para o touro, você segue conferindo as atualizações dos seus amigos,  e se depara com um álbum de fotos daquela sua amiga praticante de fisiculturismo logo depois de ter devorado um delicioso pesadelo de padaria. 
É claro que essa emoção eu não preciso descrever, acho que todos conhecem, principalmente todAs. 

Logo abaixo você encontra uma série de piadinhas e vídeos engraçados que fazem até a sua alma rir. Então, você segue com a risada congelada  no rosto, até que de repente, você é tragado para um choque de realidade por um protesto daquele seu amigo revoltadíssimo com a situação politica no Brasil, com as fotos tiradas da janela da casa daquela sua amiga moradora da região serrana fluminense e por fim com campanhas contra o aumento da passagem de ônibus. 
Se o que você buscava era diversão, era melhor ter ido ao circo do Topetão. (Rimou! hehehe)


Incrível a diversidade de assuntos e gêneros musicais que encontramos em redes sociais. (Ihh, rimou de novo!)

Clique
 em todos os links de música postados e você vai ouvir desde Aracy de Almeida até o melhor do Exaltasamba.
E não é raro, que dentre estas, alguma te faça voltar no tempo pelo mesmo período em que dura a canção, assim como fazem aquelas fotos do tempo da escola postadas por algum amigo seu.

Mas nem tudo é diversidade, quando esta muito calor, todos postam mensagens sobre como estão achando o dia quente; quando esta frio, uns reclamam e outros agradecem; Natais, mensagens de feliz natal; ano novo, mensagens de feliz ano novo... Isso tudo seria muito natural se você não  compartilhasse todas os cartões de feliz natal e feliz ano novo que você vê pela frente. 

Mas os recordistas em postagens repetitivas são os que acreditam que você ainda não entendeu que eles adoram sexta-feira, adoram uma birita e que estão solteiros e felizes por estarem se valorizando mais.


Se você estiver triste, se sentindo sozinho, rejeitado... Não desanime; nas redes sociais, sempre tem aquele amigo que posta uma variedade enorme de pensamentos, mensagens de incentivo e reflexões filosóficas, das mais variadas fontes, que vão desde Clarice Lispector e  Caio F. Abreu até Johnny Depp.

Bom, este meu post esta ficando muito grande, melhor eu parar por aqui, mas vou parar certa de que sobre redes sociais ainda há muito o que se falar, afinal, a diversidade é muito grande, e as sensações que experimentamos navegando nelas são das mais variadas e variam em função dos mais diversos fatores.

Mas terminar este post sem falar na sensação que você  tem quando aquele alguém te chama no chat...
Humm...
Seria a mesma coisa de comparar as redes sociais com uma montanha russa de sentimentos sem looping.


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Quando o lixo é um luxo


Sair para jogar um lixo na lixeira e voltar com "outro" é algo que pode realmente te fazer ganhar o dia. Entrar na lixeira e encontrar toda coleção de discos da sua banda favorita, te consome com sentimentos mistos de indignação e euforia que te fazem olhar para os dois lados, verificar em que andar o elevador esta, e carregar sorrateiramente aquele luxo para dentro da sua residência.



Mas para quê tanto cuidado em não ser surpreendido fazendo o caminho inverso com o "lixo" (lixeira > casa), se no final, você acaba contando para todo mundo que achou aquele luxo no lixo com o mesmo ar de quem ganhou na tele sena?

E quando o "lixo" esta na rua e você fica desesperado querendo carregar para casa? 
Já presenciei até disputa de lixo por aí entre dois envergonhados.

- É seu?

-Não não, por quê?

-Achei bonito, você não vai pegar não?

- por quê, você quer pegar?

-Não sei, se você não for pegar eu pego...


Enfim, vasos de planta, molduras, relógio de parede, livros antigos que ensinam a bordar e até vinis clássicos como o primeiro Lp da Xuxa, estão entre meus bens materiais mais estimados, talvez pelo simples fato de terem sido salvos do caminhão de lixo.




A recém coletânea de discos encontrada por mim na lixeira, me fez pensar em como as pessoas tem coragem de se desfazer de certas coisas desta forma.
Aqueles vinis, CDs, e fitas cassete para estarem no lixo, só poderiam pertencer a alguém que jaz em algum lugar; só pode.

Incrível, mas quem joga luxo no lixo não tem vergonha de ser pego jogando, mas depois tem vergonha de contar que jogou fora coisas que poderiam ter sido doadas para outras pessoas, afinal, o que é velho para um, pode ser apenas antigo para o outro. 
E não me venha com aquela história de que você sabia que alguém ia pegar, porque a probabilidade do luxo acabar de fato virando lixo é sempre muito maior.