Solteira autossuficiente, marceneira, bombeira, pedreira, eletricista...

Feminismos à parte, vamos combinar que você nunca preferiu comprar um jogo completo de chaves de fenda em detrimento aquele sapato de pedras rubi, que você tem certeza que será super apropriado para ocasiões como o casamento do príncipe William; logo, você deve concordar que toda aquela caixa de ferramentas que você tem na sua casa, você tem, graças ao seu marido que nunca resistiu a tentação de comprar uma carrapeta nova para deixar de reserva, né?

Pois bem, consertar, montar e desmontar sempre foi a terapia favorita dele, e claro, você não precisa priva-lo de tal prazer e, portanto, sempre que necessário solicita ele para coisas como: desentupir o tanque, o vaso sanitário, trocar a resistência do chuveiro elétrico...... e assim, toda sua capacidade para realização de tais tarefas vai deixando de ser estimulada.

Uma separação recente pode mudar todo este cenário, principalmente se não existir o Raimundo da portaria para te dizer que você esta usando a broca errada para perfurar o azulejo...

Neste cenário tudo parece resolver quebrar, dar defeito e pifar ao mesmo tempo, mas não se desespere, você em algum momento se tornará capaz de diferenciar a furadeira da parafusadeira; isto é, se você vier a abrir mão do sapato de rubi... sim... aquele para a festa do príncipe William...

O problema é que a gente sempre acha que será mais fácil receber o convite dourado para a cerimônia de premiação do Oscar dentro de uma embalagem de chocolate do que precisar trocar as dobradiças dos armários da cozinha, e por esta razão você nunca escolherá uma maleta de ferramentas novas em detrimento a uma maleta de maquiagem, a menos que esta seja rosa e com strass...

Eu querooooooooo

Mas a voz da sua consciência só vai vir mesmo para te dar boas vindas ao mundo das solteiras, quando o aquecedor quase explodir na sua cara e você passar dois dias sem entrar no banheiro por causa disto.

Passado o trauma inicial, você se sentirá muito feliz ao perceber que  você sempre foi capaz desempenhar muito bem o papel de solteira autossuficiente, marceneira, bombeira, pedreira, eletricista...

Você só não tinha tido ainda a oportunidade de mostrar isso para você mesma, porque no dia que você pintou a parede do quarto melhor do que seu marido, ele inventou a desculpa de que a tinta que ele usou estava fora da validade; e você, é claro, fingiu para ele e para você que acreditou...

Sou eclética! É mesmo? e o que você gosta? Tudo; funk, pagode, axé, Rock...

As pessoas enchem a boca na hora de afirmar que são musicalmente ecléticas, mas de um tempo para cá, já notei que isso é muito relativo e se você se animar muito e resolver convidar um eclético desses para uma festa regada ao som de James Brown e Toni Tornado, corre o risco de ouvir que isso ele nem curte muito. 

Antes fosse, de fato, este o problema, mas o que me causa maior espanto é que na maioria dos casos, a verdade é que a pessoa simplesmente não conhece e não faz a menor questão de conhecer; rejeitando de imediato a possibilidade de descobrir coisas novas.

Na minha experiencia venho observando quem são, na verdade, essas pessoas ecléticas.

São aquelas que dizem que gostam de tudo, e que quando questionadas sobre o que seria esse tudo, te respondem:   "funk, pagode, axé, MPB, rock... " 

Entenda por rock, Charlie Brown Jr, Los Hermanos e no máximo Metallica ou Iron Maiden que são bandas que ela já ouviu falar; e entenda por "..." no máximo sertanejo universitário, porque geralmente as pessoas usam reticências quando não conseguem citar nada além.

Observo sempre nas redes sociais, a falta de disposição que as pessoas têm  para conhecer ritmos novos e bandas diferentes, poste Chan Chan e uma música qualquer do Fundo de Quintal e você perceberá que na segunda opção aparecerão várias pessoas curtindo. 

Não é possível que pessoas tão ecléticas não gostem da primeira opção ou das diversas outras opções que fogem ao gosto popular!!!

Como dizia um antigo amigo meu "o mundo é muito grande para a gente se espremer nele". Fica a dica! ;)

A saga da roupa nova..

Comprar roupa tem se tornado um teste de aptidão física  tanto quanto de paciência.

Às vezes penso que isso pode ser uma medida secreta do ministério da saúde para que nos exercitemos mais.

São horas de caminhada atrás de uma roupa que caiba em você e que além de ser adequada para a ocasião, ainda combine com o seu sapato, seu cinto, sua bolsa, com o seu batom, com o seu esmalte e até com o seu rímel que geralmente é preto....

Além de tudo isso, a peça ainda deve caber no seu bolso; e só se iluda com ofertas se você vestir menos de 36 ou estiver interessada em um colete peludo com estampa de vaca! 

Você escolhe, tira, bota... um sufoco atrás de uma peça que lhe sirva; e no meio disso tudo, você ainda tem que aturar os mais diversos tipos de vendedores, com as suas mais diversas técnicas de venda. E é aí que o teste de paciência entra em cena.

Para começar tem aqueles que te abordam só pelo fato de você estar passando lentamente olhando a vitrine.

- Olá, boa tarde, procurando alguma coisa especial que eu possa ajudar?

Não preciso nem tecer comentários quanto a isso, né?

Então, você entra na loja, por vontade própria ou arrastado pelo vendedor, começa a olhar a peça dos cabides, olha a primeira peça, a segunda peça, a terceira peça.... e o vendedor puxa a décima peça e diz: "Olha esta que linda! esta saindo muito!"

Eu queria saber em que curso eles ensinam que dizer ao cliente que uma peça esta saindo muito, é um bom argumento de persuasão, porque todos eles dizem isso!!!

Escolhida a peça, o vendedor vai ao estoque em busca do seu número e volta com peças que chegam a te ofender quando ele diz que achou a sua cara.

Esses dias um vendedor tentou me convencer de que camisetas masculinas eram unissex, e que pensou que eu fosse gostar só porque tinha uma estampa de caveira e eu usava uma mochila de caveirinha... (Precisei contar isso!!!)

Tem aqueles que decoraram no curso de vendas que criar intimidade com o cliente ajuda a quebrar a resistência deste...

- Nossa, que linda sua tatuagem (no caso de quem tem)!!! Fulana, ciclana, beotranaaaaa, vem ver que linda a tatuagem dela!!! Posso passar a mão? Doeu? Onde você fez? Com quem? Bla bla bla...

E lá se vai, junto com sua paciência e seu tempo, a venda dele...

Para mim, o momento mais tenso durante a saga da roupa nova é o momento cabine, não é raro vendedores te surpreenderem de calça literalmente arriada, abrindo a cabine com um sorriso bem simpático dizendo: "Deixa eu ver como ficou?"
Sinceramente prefiro aqueles que ficam de 5 em 5 minutos lá de fora te perguntando: "E aí, ficou bom?"

Será que eles acreditam mesmo que a opinião deles pode decidir uma venda? 

O processo seletivo de uma loja costuma ter diversas etapas, que vão da maldita dinâmica de grupo (acho dinâmicas pavorosamente humilhantes), até a entrevista com o chefe. São diversas etapas, com psicólogos e toda uma equipe especializada para no final contratar aquilo que a gente vê nas lojas por aí?

Ahhhhh não, pelo amor de Deus, comprar roupa para mim esta longe de ser uma terapia, se você me vir comprando roupa, pode ter certeza que das duas uma, ou estou sob a "mira de um revolver" ou igual uma mendiga mesmo....